sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Cessar fogo - Feliz Natal!

Por Arisson Belan

No Natal de 1914, em plena Primeira Guerra Mundial, soldados ingleses e alemães deixaram as trincheiras e fizeram uma trégua.
Durante seis dias, eles enterraram seus mortos, trocaram presentes e jogaram futebol.
Finalmente parou de chover.
A noite está clara, com céu limpo, estrelado, como os soldados não viam há muito tempo.
Ao contrário da chuva, porém, o frio segue sem dar trégua. Normal nesta época do ano. O que não seria normal em outros anos é o fedor no ar. Cheiro de morte, que invade as narinas e mexe com a cabeça dos vivos alemães e britânicos inimigos separados por 80, 100 metros no máximo.
Entre eles está a “terra de ninguém”, assim chamada porque não se sobreviveria ali muito tempo.
Cadáveres de combatentes de ambos os lados compõem a paisagem com cercas de arame farpado, troncos de árvores calcinadas e crateras abertas pelas explosões de granadas. O barulho delas é ensurdecedor, mas no momento não se ouve nada. Nenhuma explosão, nenhum tiro. Nenhum recruta agonizante gritando por socorro ou chamando pela mãe. Nada.
E de repente o silêncio é quebrado. Das trincheiras alemãs, ouve-se alguém cantando.
Os companheiros fazem coro e logo há dezenas, talvez centenas de vozes no escuro.
Cantam “Stille Nacht, Heilige Nacht”.
Atônitos, os britânicos escutam a melodia sem compreender o que diz a letra.
Mas nem precisam: mesmo quem jamais a tivesse escutado descobriria que a música fala de paz.
Em inglês, ela é conhecida como “Silent Night”; em português, foi batizada de “Noite Feliz”.
Quando a música acaba, o silêncio retorna. Por pouco tempo.
“Good, old Fritz!”, gritam os britânicos.
Os “Fritz” respondem com “Merry Christmas, Englishmen!”, seguido de palavras num inglês arrastado.
Um alemão escreveu a sua mãe sobre este dia : "aquele foi um dia de paz na guerra; é uma pena que não tenha sido a paz definitiva".
Naquele dia de 1914 soldados abaixaram suas armas e viveram o milagre que é essa noite.
Eu sei que não foi o dia que ele nasceu, sei que o natal perdeu o sentido com o capitalismo e o consumo, sei também que o natal é cercado de ritos pagãos. Mas esta data faz o soldado baixar sua arma, e celebrar a paz. Mesmo por um período tão pequeno ele não está mais em guerra.

"A maior compreensão que devemos ter de tudo isto é a vinda do Filho de Deus ao mundo e seu propósito. Feliz Natal a todos!"

Fonte: http://arissonbelan.blogspot.com/2010/01/no-natal-de-1914-em-plena-primeira.html

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