quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Outra vez a face do amor

Paz seja com todos!
Certa manhã, como outra qualquer, num dia simples sem ser marcado por alguma data especial ou sem  expectativas de grandes acontecimentos, o Mestre vai ao templo para realizar orações. Após sua fama ter se espalhado por toda a região da Judéia, muitos eram os que queriam estar com ele, e naquele dia não foi diferente, por isso não demorou para logo ajuntar-se um grupo de pessoas a ouvir suas palavras. Ensinava-os com prazer, assentados no pátio do templo.
Logo ajuntou-se também a eles o grupo dos "grandes sábios e entendidos dentre o povo", os Escribas e Fariseus, doutores da lei Judaica. Não estavam sós, com eles  também estavam alguns dentre o povo que não se permitiram ser tocados com o toque de vida produzido por aquelas benditas palavras. Traziam consigo uma pobre criatura, que carregava sobre si o peso de uma infidelidade e estava por então receber a sua condenação, era isto que podia ser visto nos olhos daqueles homens.
- Mestre - iniciou um deles - esta mulher foi pega no ato de adultério. Pela nossa lei ela deve ser apedrejada, e o que oi Senhor diz?
Olhou para eles sem dizer coisa alguma, em seu coração sabia que o estavam testando. Se com sua bondade dissesse para que não a apedrejassem, ele seria o condenado, pois a lei era tudo para eles, se por sua vez mandasse apedreja-la, então onde ficaria o amor que tanto lhes anunciava e seria considerado um farsante. Com seu silêncio reprovou aqueles homens e eles a isto não perceberam, ele sabia que pela lei o homem que adulterou com aquela mulher também deveria estar ali mas o objetivo deles não era cumprir suas tradições, sabia que seus corações estavam entenebrecidos pelo ódio que os acompanhava e não podiam ser influenciados com seu amor e apenas queria a sujeição do povo impedindo-os de receber o que não queriam para si. Escrevendo na areia, permaneceu em silêncio.
- E então Mestre, o que nos diz? Insistiu.
A fonte da eterna sabedoria então respondeu:
-Aquele dentre vocês que não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe a pedra. E voltou a escrever.
E agora? A decisão estava por conta deles, seu veneno voltou-se contra si próprios.
Não puderam fazer nada contra ela, pois não havia ali uma unica alma que não tivesse pecado. Todos eram simplesmente humanos e imperfeitos diante dele. Ninguém ousou dentre eles a ser o primeiro a arremessar a pedra, deixaram cair cada um a sua e retiravam-se aos poucos.
Permaneceu ali apenas a mulher que trouxeram. Seu rosto sofrido e sem esperança que havia a bem pouco tempo encontrado em outros a imagem do ódio e da condenação, confrontou-se agora com a face do AMOR DE DEUS, que olhando para ela perguntou-lhe.
-Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?
Olhando em volta, percebeu então que não estavam mais ali os seus algozes e respondeu;
-Ninguém Senhor!
-Pois vai em paz mulher e não peques mais, eu também não te condeno.

(Baseado no Evangelho de João cap. 8 vs. 1 a 11)

Por Marcus Bittencourt

Leia também o Post A face do Amor (http://www.marcusbittencourt.com/2010/10/face-do-amor.html)

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